Construindo com a Comunicação Não Violenta
- Margarete Pereira
- 30 de jan. de 2020
- 4 min de leitura
Atualizado: 3 de mar. de 2021

Hoje convido vocês a se conectarem com a comunicação não violenta, que acredito ser um modo de pensar e viver. Tenho pesquisado esse mundo de se comunicar a algum tempo e quanto mais me conecto com ele, mais percebo o quanto perdemos tempo valioso com interpretações equivocadas, porque não nos comunicamos direito, estamos sempre esperando do outro o que não damos a ele, uma escuta ativa e, piora quando disparamos nosso lado crítico e acusador e muitas vezes nosso gatilho é acionado, podemos reagir de duas formas: a primeira é observando o que o outro precisa (linguagem da girafa) e a segunda é deixar os sentimentos devastadores tomarem conta da alma (linguagem do coiote).
Bom! Vamos entender um pouco a CNV:
A Comunicação Não Violenta, mais conhecida como CNV, é um processo conhecido por sua capacidade de inspirar ação compassiva e solidária (empatia). Ensinada há mais de 40 anos, hoje se faz presente em todo o mundo e está inserida em vários níveis da sociedade, praticada por psicólogos, mediadores, facilitadores e todas as pessoas que se identificam com o processo de humanização. Ela foi fundada pelo psicólogo Marshall Rosenberg, que dedicou sua vida a procurar meios práticos e eficazes em favor da paz.
Marshall traz em seus ensinamentos a linguagem da girafa que nos guia para uma construção empática em grupos que precisam praticar a convivência e escutar o outro com a alma, ou seja, com o coração. Ele trouxe, também, a figura do coiote para nos mostrar o quanto praticamos a comunicação violenta, nossa primeira fala é sempre violenta, porque foi assim que nos ensinaram, mas é praticando a comunicação não violenta que vamos poder ser seres humanos mais leves, nos comunicando com mais clareza e assim poder entender o outro em sua plenitude.
Algumas vezes me perguntam, paz é ausência de conflito? O que digo sempre é que conflitos sempre vão existir, eles fazem parte do ser humano, mas de que forma vamos administrá-lo é que fará toda à diferença, o importante é administrar o conflito em paz.
A CNV nos leva a prática e a empatia por sua vez, nos faz enxergar o outro e a escutá-lo através de uma perspectiva mais humana, nos tira da zona de conforto, nos provoca a praticar diariamente, faz uma revolução em nossas vidas, digo isso de forma verdadeira, os desafios são muitos, mas gratificantes. Perceber que somos capazes de conduzir o conflito de forma tranquila é muito saudável; é importante entendermos que toda mudança começa em nós mesmos, não podemos esperar do outro o que não estamos oferecendo. Com a CNV aprendemos a buscar alternativas claras aos confrontos, não nos deixando aprisionar a falsa lógica destrutiva da raiva, da punição, da vergonha e da culpa.
Os benefícios da CNV são intermináveis, ela atua em três níveis: o intrapessoal que é a relação com nós mesmos, o interpessoal que é a relação com os outros e temos o sistêmico que é os dos acordos implícitos, como transporte público, sala de aula e etc. Esses benefícios vêm através do idioma da compaixão, que na verdade surge naturalmente, pois é a linguagem da vida.
A CNV nos ajuda em diversas situações da vida, como nos relacionamentos íntimos, familiares, escolares, empresariais, profissionais, e por fim e não menos importante nas negociações.
Tenho ouvido algumas vezes: - “então quer dizer que não posso ter opinião própria?” - “Tenho que acatar o que o outro quer?” Quero deixar claro que isso não quer dizer que somos submissos que concordamos com tudo que nos é colocado, temos nossas próprias necessidades para cuidar, o que quero dizer é que podemos ouvir o outro e buscar soluções que tragam benefícios para todos sem machucar ninguém, olhando tudo com outra lentes. A CNV é um caminho para criar pontes e identificar o que está por trás daquele comportamento agressivo, entendendo isso, você abre uma porta para se conectar e se aproximar do outro e assim resolver o conflito.
A CNV é a porta para o autoconhecimento, perceber quais são nossas emoções, porque sentimos com intensidade isso ou aquilo é fundamental para saber quais são nossas reais necessidades, nós somos os responsáveis por incluir pessoas em nossas vidas, e fazer isso acolhendo com o coração é fazer compassivamente. É importante saber que ter esse autoconhecimento nos dá sabedoria para lidar com nossos sentimentos para quando nossas necessidades não estiverem sendo atendidas.
Alguns sentimentos básicos comuns a todos nós quando nossas necessidades são atendidas:
Maravilhada,
Confiante,
Realizada,
Segura,
Inspirada,
Fascinada,
Orgulhosa,
Grata,
Etc.
Alguns sentimentos básicos comuns a todos nós quando nossas necessidades não são atendidas:
Zangada,
Irritada,
Impaciente,
Nervosa,
Triste,
Decepcionada,
Preocupada,
Etc.
Para finalizar esse texto apresento os 4 componentes da comunicação não violenta:
1º – Observação: O que vejo, ouço, imagino, livre de avaliação.
Ex. com avaliação: João vive deixando as coisas para depois;
Ex. sem avaliação: João só estuda na véspera das provas;
2º – Sentimento: Por meio da CNV a possibilidade de encontrar maneiras de atender às necessidades de todos aumenta significativamente;
Ligue seu sentimento à sua necessidade...
3º Necessidade: É comum pensarmos sempre o que há de errado com os outros quando nossas necessidades não são atendidas.
4º Pedido: Esse componente enfoca o que estamos querendo da outra pessoa para que nossa necessidade seja atendida;
Quanto mais claros formos a respeito do nosso pedido, maior será a chance conseguir.
Espero ter ajudado você a compreender um pouco mais da comunicação não violenta, e ter mostrado como ela é fundamental para nós nos dias de hoje.
Dicas:
Para praticarmos temos que nos expressar com clareza como estou, sem censuras ou críticas;
Receber com empatia a mensagem como você está sem interpretar com censura ou crítica;
A melhor forma de se conectar com a CNV é aplicando-a em situações que você enfrenta no seu dia-a-dia.
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